sábado, 7 de maio de 2011

A ÚNICA RAZÃO PELA QUAL ESCOLHI ESTUDOS CLÁSSICOS.

Ontem estava a celebrar a Queima como qualquer estudante decente. Isto é, eu e a Daniela estávamos a dançar alegremente numa tenda, quando as amigas dela nos abandonaram por momentos. Ora, quando a manada dispersou um bocado, os predadores lá do sítio começaram a abeirar-se de nós como ocelotes a ver ratos sem patas.

Dois rapazes brasileiros começaram a dar-nos conversa fiada, depois de terem oferecido um cigarro à Daniela. Perguntaram-lhe então qual o nosso curso, enquanto eu continuava a dançar e a tentar assustá-los com a minha falta de coordenação motora. Não funcionou.

Diz então um deles: "Estudam Latim, é? Digam lá qualquer coisa em Latim."

A Daniela olha para mim, com um de quem diz, "Tu é que estás no Latim IV, tira-nos desta combuca."

A minha reacção é, então, exactamente a reacção de uma senhora de classe quando se quer livrar de pretendentes indesejados. "PEDICABO EGO VOS ET IRRUMABO." Não posso garantir ter mantido fielmente a ordem das palavras, no entanto, por razões óbvias.

Eles ficam a olhar para mim. Talvez eu tenha dito "Sois todos bons". Talvez eu tenha dito "O Cláudio é um lavrador. Ele trabalha no campo todo o dia. Ele tem uma filha. A menina é bonita. Os insectos bebem água." Talvez eu os esteja a enganar.

"O que é que isso significa?" Pergunta então um deles, mais afoito.

Eu, então, explico vagamente. Ok, na verdade, talvez tenha traduzido de forma mais gráfica e violenta do que o necessário. Mas então os dois reagem com um, "O quê?"

Eu repito.

Olho para a Daniela, que não consegue parar de rir, e quando me volto vejo que os dois carcajus estão a bater em retirada -- muito lentamente, como quem diz a alguém "Deixa o machado na mesa. Vá, devagarinho" enquanto procura uma porta e tenta chamar o 112.

E é assim que nós, moças de Estudos Clássicos, rejeitamos avanços indesejados quando não temos pensos higiénicos usados à mão.

P.S.: Eu gostava de ter mais diálogo aqui, porque queria usar mais maiúsculas. É que reparem, eu estava a gritar enquanto eles estavam a sussurrar a ver se nos aproximávamos dos corpos de franganote deles. E também porque, tal como a Morte do Discworld, eu comunico como que por uma espécie de telepatia. É a única explicação que eu encontro para o facto de eu falar tão baixo e ainda assim ser ouvida, ao ponto de me porem na boca coisas que eu nunca disse (lá está, telepatia).

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