quinta-feira, 7 de abril de 2011



Hoje vi esta imagem, e o debate que se tem propagado lá nos meus cantos da Internet sobre isto. Algumas pessoas que comentaram afirmavam que a solução é de facto ensinar as pessoas como evitar violações, porque os violadores sabem que o que fazem é errado e não querem saber.

Certo, é importante aquele conjunto de coisas que devem fazer parte do senso comum: "Tem cuidado com quem te embebedas, tem cuidado com a roupa que usas, tem cuidado com os lugares por onde andas." Mas isto não resolve tudo, e generaliza completamente as circunstâncias e as vítimas (e toda a gente pode ter dias em que bebe um pouco mais, ou em que o carro avaria às 3 da manhã numa zona questionável, ou em que alguém interpreta uma saia dois centímetros acima do joelho como um convite para sexo). E até os próprios violadores, quem são eles e quais os seus motivos.

O problema é que não é assim tão simples.

O problema é que não ensinamos às pessoas quando é que é "não", mesmo que elas não o digam directamente. O consentimento é tudo menos linear. Nem todos os violadores precisam de becos escuros e uma grande dose de problemas do foro psíquico. Alguns podem ser aqueles que não fazem ideia que o que estão a fazer não mesmo nada boa ideia, porque não sabem que o "sim" significa um "não" quando ela está tão bêbada que mal consegue falar ou andar. Ou que um som indefinido de surpresa e medo pode significar um "não".


E também é interessante pensar nestes comentários (nota: não fui eu, simplesmente li e achei relevante).

(BTW: este tipo de pensamento abre precedentes a que as vítimas sejam culpadas, como se todas as violações fossem iguais e seja sempre culpa delas por não terem tido cuidado. Para não falar dos casos em que o violador é o amigo da família, o marido, o pai, o irmão, etc., que de facto são mesmo muitos. Nesses casos, não aceitar boleias de estranhos não vale de muito.)

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