terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Caro leitor (sim, por agora já só devo ter um: o Pyotr, que só quer fazer o seu trabalho de colocar em blogues menos activos comentários informativos sobre a aquisição online de Viagra), eu sei que tenho andado meia desaparecida. Não sei qual será o futuro desta extraordinária pastelaria: é que estando em crise, talvez este vestuto estabelecimento trabalhe horas extras ou feche. Até o excremento e bolinhos feitos do mesmo custam a produzir.

Posso garantir, no entanto, que os últimos meses têm sido, no mínimo, interessantes. Desde conhecer jovens loiros e atraentes junto à campa do Keats (isto aconteceu mesmo) a flirtar com magnatas gregos (isto não aconteceu), tenho andado muito ocupada.

Este meu regresso deve-se à época natalícia. Não só ao facto de estar extraordinariamente sóbria considerando que estou rodeada de gente da minha família, mas também porque vi aquele novo reclame da Coca-Cola, sobre um tal de mundo bonito em que vivemos.

Vou ser muito sincera: não bebo Coca-Cola. Pelos trabalhadores colombianos e porque é uma corporação no mínimo assustadora, e também porque só gosto de bebidas gaseificadas se a) tiverem álcool ou b) se forem água com gás em dias de ressaca. Como podem ver, sou uma pessoa de princípios e levo a bebida muito a sério. Reparem, na minha juventude bebi Safari cola numa ou noutra ocasião. Não é muito a minha coisa, não só pela audiência-alvo de tal bebida, mas também porque é fraquinha para caramba. Se quisesse beber algo fraquinho, ia à barraquinha dos shots no recinto da Queima e pedia aquele que nem sequer está anunciado porque é supostamente forte (é uma roubalheira, dois ou três depois e não aconteceu nada. Cá para mim aquilo é água com Tantum Verde).

Dizia eu que este novo anúncio da Coca-Cola me fez sentir algo desconfortável e nauseada.

O vídeo começa logo por dizer que "alguns dizem que tudo está perdido". A imagem que ilustra isto é um incauto senhor que apenas está a fazer o seu trabalho: dizer que tudo está perdido e relatar as últimas lesões futebolísticas num telejornal. É como dizer de um padeiro que está sempre com a mão na massa, ou de um mergulhador que tem a boca na botija. Ok, tem piada e é um trocadilho algo asinino se de facto o padeiro e o mergulhador não tiverem sido apanhados em flagrante a assaltar uma bomba de gasolina.

Não temam, no entanto: por cada locutor de televisão, há vários casais que querem ter um filho. Mostram-nos então um adorável casal loiro deitado numa cama e muito vestido. Ok, é um bocado triste saber que em pleno século XXI 200.000 crianças vão ser filhas de missionários (topam?) e presumivelmente vão continuar a estragar as vidas sexuais de pessoas por esse mundo fora. Reparem, eles nem sequer estão semi-vestidos porque a sua ânsia de... y'know... era tão grande, mesmo à filme. Especulações sobre a vida sexual deste casal à parte, isto é um bocado wtf. Esperem, mas isto é necessariamente algo bom? Cá para mim ter filhos é mais neutro. Afinal, há muitos pais incompetentes por aí e este é um mundo um bocado lixado. Aposto que este casal, com esta apicantada vida sexual, nunca vai enfrentar um longo e árduo casamento de vinte e tal anos até se divorciarem cheios de rancor quando um deles começa a frequentar a sala Kamasutra dos chats do AEIOU. Mais: por muito louvável que seja tudo isto de se fazer sexo extraterrestre em que a fertilização se dá por via manual (ahem), e 200.000 (ou mais, provavelmente mais) crianças em todo o mundo que querem ter pais? E as pessoas que querem adoptar mas não podem porque são casais do mesmo sexo ou pais solteiros? E ainda as pessoas que, como eu, provavelmente nunca vão ganhar o suficiente para tal coisa?

O vídeo prossegue: por cada tanque de guerra, são feitos uns milhares de ursos de peluche. O que é que o traseiro tem a ver com as calças? Ah, sim, ursos de peluche: aquela temível estratégia anti-guerra. Como quando os activistas entopem os canhões dos tanques com ursos de peluche e... ah, esperem, isso não aconteceu. Mas suponho que a Coca-Cola esteja antes a pensar no trabalho infantil em países asiáticos. Reparem, enquanto as pessoas estão ocupadas a ser exploradas para fazer ursos de peluche, é menos provável que pensem em invadir e roubar a Coca-Cola ou algo do género.

O par seguinte diz algo como "quando o desemprego e a pobreza aumentam, as doações de alimentos sobem 30%". O que é excelente, reparem, e acho louvável que as pessoas se preocupem umas com as outras. O problema é que essas doações geralmente não são feitas pelas pessoas que estão a causar o problema, e enquanto as pessoas do "moderadamente rico" ao "sem-abrigo e sem-comida" se vão aguentando umas às outras, há vários empresários que sofrem por não poderem comprar outra ilha nas Bahamas. Mais, as doações de alimentos são uma coisa mesmo, mesmo muito provisória. Mas é claro que a Coca-Cola nunca, mas nunca, se escaparia a culpar o seu próprio presidente e os amigos dele. Afinal, são uma empresa íntegra que gosta de crianças loiras e rechonchudas a cantar (fine, estou a ver algumas ali que não são loiras nem rechonchudas, mas se contarem vão ficar surpreendidos com a diferença numérica).

Somos então informados do facto de cada pessoa corrupta corresponder a umas 8.000 que dão sangue. Mais uma vez, tudo a ver. Essa estatística seria ainda melhor se, por exemplo, pessoas homossexuais não fossem frequentemente excluídas. Na verdade, isso é porque cada estação móvel de recolha de sangue é uma máquina do tempo que nos pode levar à era Reagan num piscar de olhos. Há razões para acreditar nas viagens no tempo - amanhã mesmo pode ser que o 34 me leve aos anos 20. Nunca se sabe.

"Por cada crime cometido em Portugal, há três pessoas que se oferecem para o voluntariado" é o "facto" seguinte. Podíamos analisar a estreita relação entre o estado deste "mundo melhor" e a criminalidade, mas não o vamos fazer, nem questionar a estranha lógica de neste "mundo melhor" haver criminosos, pessoas corruptas, e desemprego. Se calhar é uma referência ao Candide, de Voltaire. Muito bem. Mas vá, vamos acreditar que este voluntários estão a ajudar crianças carenciadas a fazer os deveres e a tirar garrafas de Coca-Cola das florestas. Realmente, é coisa louvável.

A pessoa (ou pessoas) que pensaram neste anúncio afirmam de seguida que "há mais vídeos divertidos na Internet do que más notícias em todas as televisões". Isto leva-me a crer que a equipa publicitária da Coca-Cola é composta por pessoas como os meus pais, que são pessoas muito ingénuas. A Internet é mesmo muito grande, ou seja, há mais de tudo na Internet do que num país Europeu de média dimensão. Ou algo assim. Também há mais pornografia na Internet do que "vídeos divertidos" no YouTube. Teria de concordar que um mundo em que posso passar mais tempo a ver rapazes ruivos a "jogar futebol" do que a pensar em atentados terroristas e pessoas cuja renda não justifica a humidade e era pintar tudo com uma tinta à prova de humidade porque isto é só humidade, é de facto um mundo mesmo muito bom. Claro que pornografia com rapazes ruivos é apenas uma pequena percentagem de tudo o que a Internet tem para oferecer. Não sei se "há mais hentai sobre tentáculos na Internet do que más notícias em todas as televisões" é um "mundo melhor", mas é certamente um mundo mais estranho e psicologicamente interessante.

Por falar em pornografia: alguém reparou naquele casal com ar de quem estava a caminho daquelas orgias de luxo no sul de Inglaterra? E naquele bombeiro com um maxilar bastante bonitinho? Ou sou só eu que estou sugestionada? Se calhar é isso. Desculpem, pronto.

Não é grande imaginação minha, no entanto, o quão inane é implicar que criticar Portugal é negativo. Caro Português, não critique a Pátria! E destape o candeeiro de pé da sala, porque as cuecas da sua namorada estão a abafar um bocado o som e a nossa gravação não está a sair tão bem. Lembre-se também de nos contar se algum dos seus vizinhos disser mal do nosso louvável Portugal ou dos nossos queridos líderes. Se isso acontecer, depois de nos dar conta do incidente, lave os seus ouvidos com Fado, a gloriosa música da nossa nobre e ilustre nação!

A nossa nobre e ilustre nação, com um salutar clima em que há mais dias de sol do que de chuva. Isso faz de nós superiores, por exemplo, aos Ingleses a quem São Pedro só agracia com dias de sol a 29 de Fevereiro de anos ímpares.

Pena, claro, que sejam todos forçados a ir procurar emprego noutros sítios (com mais sol?) como o Brasil ou Angola.

Eu vou cortar ligeiramente os meus pulsos e ver se acredito num mundo melhor.

P.S.: O "Bolinhos de Cocó" é um blog politicamente neutro. Aqui na redacção, temos pena de todos os líderes partidários que se arrastam arduamente de jantar em jantar e têm de investir pequenas fortunas em fatos. É que nós compreendemos e sabemos como é difícil - não conseguimos dizer que não a um gin ou um vestido novo. Parecendo que não, elas não matam mas moem... e resultam nesta grande misantropia que sentimos diariamente. Nem fugir para uma villa nos arredores de Paris e viver um estilo de vida decadente cheio de plantas exóticas e aguarelas de Moreau resultou.

E para quem leu tudo isto até ao fim:

Retiro tudo o que disse. Vivemos num mundo maravilhoso, bonito, e com uns belos abdominais. Podia era ter menos pêlos no peito. :(

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

nothing to see here

Caros leitores,
Palavra que um destes dias posto qualquer coisa assim mais para o comprido, aquele tipo de comprido que não se encontra na minha extensa colecção de vestidos. A sério, no outro dia percebi que o meu vestido mais comprido chega ao cimo dos meus joelhos. Ok, na verdade, tenho algumas saias compridas, que foram usadas um glorioso total de meia dúzia de vezes, como treino para o Hipólito no saudoso ano de 2010.

Mas, entretanto, hoje estive presa na cabeça do meu eu de 15 anos. Foi um dia com uma garantia de qualidade Oscar Wilde. A única diferença entre a mente do meu eu mais jovem e o dia de hoje, é que hoje não vi nenhum dandy a flirtar com rapazes de coro. Mas houve um momento ou outro estranhamente parecido com uma história altamente extravagante e homoerótica (como aliás tudo o que eu escrevia na altura; palavra que todas as minhas descrições de jovens incluiam expressões como "beleza de Narcisso", "força viril e elegante", ou "dedos finos de marfim"). E quase fui atropelada no meio do nada, e tudo pela Arte.

Estou também a pensar seriamente em vender um dos meus rins e adoptar indefinidamente um estilo de vida nómada. Se vender um bocado do fígado, talvez consiga comprar um pequeno estúdio em Roma, mas como o meu fígado passa por muita coisa se calhar é capaz de ser um estúdio sem água quente e com infiltrações.

- E.

P.S.: Não consigo dormir e estou a ouvir EBTG.

ETA: Escrevi isto há dois dias mas só vou publicar hoje! Desculpem. E "as suas mãos de marfim afagavam os meus caracóis loiros um por um" continua a ser uma frase daquelas que ficam para a história da literatura. Provavelmente como parte de uma história anónima publicada numa revista vitoriana e sujeita a censura, mas ainda assim pesquisável num qualquer recanto da Internet cem anos depois! :')

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Aquele momento extremamente awkward em que tentam jogar os Sims no Facebook (uma porcaria!) e descobrem que toda a gente tem Sims feitos à sua imagem e semelhança, excepto vocês, que fizeram um jovem langoroso que usa sempre pijamas azuis, chamado "Vyvyan Slongwit".


Mas um dia os pacotes de expansão chegarão aos Sims do FB, e nessa altura vão ver como o Vyvyan vai ser tão fabuloso numa universidade demasiado parecida com Oxford, com o seu urso de peluche e cigarros turcos.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Leitores e leitoras desta pastelaria de trampa: eu sei que tenho andado ausente das vossas vidas. A culpa é toda das férias.

Para compensar o vazio que deixei nos vossos estivais corações, eis alguns vídeos que certamente agradarão a alguns. Outros poderão simplesmente partilhá-los no Facebook com conhecidos que temos em comum, demonstrando assim a sua superioridade intelectual porque sabem o que significa a palavra "club" em Inglês e porque claramente não precisam de se exibir.

Jane Austen's Fight Club from Keith Paugh on Vimeo.








Bem, e agora vou dormir (sim, eu sei que é quase uma da tarde, whatever).

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Queridos leitores e leitoras, lamento muito a minha ausência ultimamente. Tenho andado ocupada com o Ésquilo, com o Lucrécio, com o Horácio, com o Aristófanes, e até mesmo com o Shelley. Ser literariamente promíscua (ou promiscuamente literária) é algo que demora algum tempo, ainda que agora consiga aplicar batôm em cerca de 20 segundos antes de me meter na cama a ler Keats (meow, meow).

Seja como for, hoje venho falar-vos de Línguas, no espírito da Época de Exames que por aí tem andado.
daqui.
Como deve ter dado para perceber pelo post sobre o meu quase-divórcio do Grego, gosto de imaginar que as línguas têm personalidades e abdominais bem feitinhos, e que tenho com cada uma um relacionamento diferente. Eis alguns exemplos:

- Grego (Antigo*): o Grego é uma Rainha de vestidos diáfanos e grinaldas de flores, que bebe vinho (do bom, não daquele que custa €1,50) à beira-mar e tem uma gargalhada que me lembra a cauda dos peixinhos de aquário. Tem, no entanto, um temperamento algo complicado e às vezes é imprevisível, mas posso com segurança afirmar que é o Amor da Minha Vida.

- Latim: é um rapaz bonito e bem-educado, que vai comigo ao Feito e ouve os meus problemas amorosos. Quando se irrita, é um bocado difícil e vem-me com apofonias e coisas assim -- sobretudo quando tem ciúmes do Grego. O Latim é uma espécie de melhor amigo que também é um amigo colorido, e passamos bons momentos juntos.

- Português: eu e o Português somos amigos de longa data. Discutimos de vez em quando, mas ele (ela?) é boa gente e rapidamente fazemos as pazes. Imagino o Português como uma rapariga que usa vestidos cor-de-rosa e parece muito delicada, mas ao mesmo tempo é perfeitamente capaz de desancar pessoas à pazada.

- Inglês: outro amigo de longa data, que gosta de sanduíches de pepino, rentboys Cockney, e festas cheias de gin e estilo. É aquele amigo que é hetero excepto quando confrontado com rapazes feitos de ouro e marfim, com quem me divirto às pampas e que tem um sentido de humor interessante.

- Francês: Imagino o Francês como um rapaz que conheci quando era jovem, mas com quem nem sempre me dou por aí além. Já tivémos um affair intermitente, mas de vez em quando não posso com a voz dele. Gostamos passear e falar sobre Arte.

- Alemão: o metaleiro niilista que me dava cigarros atrás dos pavilhões do liceu. A nossa amizade durante o secundário, baseada em música rock e Nietzsche, esmoreceu rapidamente assim que ele me apanhou a cantar Nena com uma pronúncia de bradar aos céus.

- Chinês: a rapariga com ares de beatnik que conhecemos no primeiro dia de universidade. Ficamos fascinados e pensamos que vai ser a nossa melhor amiga, mas depois nunca mais vemos tirando uma outra vez num café -- e ela não nos reconhece. No entanto, três anos depois a curiosidade continua lá, e pode ser que um dia destes a convide para ir ao cinema (todos: meow, meow!).

- Tailandês: a amiga que vejo durante as férias e com quem vou tomar café, mas não somos de modo algum melhores amigas (ainda). Ouve os meus desabafos sobre o Grego e divertimo-nos muito a estudar as suas consoantes e tons enquanto espero que o resto da minha família acorde para irmos para a praia, but that's it.

Não me vou pronunciar acerca do Espanhol, porque estamos de relações cortadas desde que deixei de precisar de ler revistas do Pokémon. Línguas como o Gaélico, o Islandês e o Havaiano, com as quais tenho apenas breves flirts, não foram (obviamente) incluídas.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Variation on the Word Sleep

(Pessoal, estou à beira de um esgotamento nervoso, e talvez por causa disso estou a ter ideias estupidamente boas/más. Entretanto, eis um poema que encontrei hoje. Agora, vou voltar à Literatura Grega.)


I would like to watch you sleeping,
which may not happen.
I would like to watch you,
sleeping. I would like to sleep
with you, to enter
your sleep as its smooth dark wave
slides over my head

and walk with you through that lucent
wavering forest of bluegreen leaves
with its watery sun & three moons
towards the cave where you must descend,
towards your worst fear

I would like to give you the silver
branch, the small white flower, the one
word that will protect you
from the grief at the center
of your dream, from the grief
at the center I would like to follow
you up the long stairway
again & become
the boat that would row you back
carefully, a flame
in two cupped hands
to where your body lies
beside me, and as you enter
it as easily as breathing in

I would like to be the air
that inhabits you for a moment
only. I would like to be that unnoticed
& that necessary.

-- Margaret Atwood (link)

sábado, 28 de maio de 2011

ftw

Uma amiga minha pôs a tradução portuguesa disto no FB. A minha curiosidade levou-me ao Google. Seja como for, quase me vieram as lágrimas aos olhos (e não é TPM nem estou de camisa de noite branca, nem estou perto das escadas). Para aqueles que preferem rapazes, cliquem aqui e não digam que nunca vos dei nada.
Date a girl who reads. Date a girl who spends her money on books instead of clothes. She has problems with closet space because she has too many books. Date a girl who has a list of books she wants to read, who has had a library card since she was twelve.

Find a girl who reads. You’ll know that she does because she will always have an unread book in her bag.She’s the one lovingly looking over the shelves in the bookstore, the one who quietly cries out when she finds the book she wants. You see the weird chick sniffing the pages of an old book in a second hand book shop? That’s the reader. They can never resist smelling the pages, especially when they are yellow.

She’s the girl reading while waiting in that coffee shop down the street. If you take a peek at her mug, the non-dairy creamer is floating on top because she’s kind of engrossed already. Lost in a world of the author’s making. Sit down. She might give you a glare, as most girls who read do not like to be interrupted. Ask her if she likes the book.

Buy her another cup of coffee.

Let her know what you really think of Murakami. See if she got through the first chapter of Fellowship. Understand that if she says she understood James Joyce’s Ulysses she’s just saying that to sound intelligent. Ask her if she loves Alice or she would like to be Alice.

It’s easy to date a girl who reads. Give her books for her birthday, for Christmas and for anniversaries. Give her the gift of words, in poetry, in song. Give her Neruda, Pound, Sexton, Cummings. Let her know that you understand that words are love. Understand that she knows the difference between books and reality but by god, she’s going to try to make her life a little like her favorite book. It will never be your fault if she does.

She has to give it a shot somehow.

Lie to her. If she understands syntax, she will understand your need to lie. Behind words are other things: motivation, value, nuance, dialogue. It will not be the end of the world.

Fail her. Because a girl who reads knows that failure always leads up to the climax. Because girls who understand that all things will come to end. That you can always write a sequel. That you can begin again and again and still be the hero. That life is meant to have a villain or two.

Why be frightened of everything that you are not? Girls who read understand that people, like characters, develop. Except in the Twilightseries.

If you find a girl who reads, keep her close. When you find her up at 2 AM clutching a book to her chest and weeping, make her a cup of tea and hold her. You may lose her for a couple of hours but she will always come back to you. She’ll talk as if the characters in the book are real, because for a while, they always are.

You will propose on a hot air balloon. Or during a rock concert. Or very casually next time she’s sick. Over Skype.

You will smile so hard you will wonder why your heart hasn’t burst and bled out all over your chest yet. You will write the story of your lives, have kids with strange names and even stranger tastes. She will introduce your children to the Cat in the Hat and Aslan, maybe in the same day. You will walk the winters of your old age together and she will recite Keats under her breath while you shake the snow off your boots.

Date a girl who reads because you deserve it. You deserve a girl who can give you the most colorful life imaginable. If you can only give her monotony, and stale hours and half-baked proposals, then you’re better off alone. If you want the world and the worlds beyond it, date a girl who reads.

Or better yet, date a girl who writes.
-- Rosemarie Urquico

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Acabei de apagar um post perfeitamente bom só porque queria postar outra coisa sem entupir o blog, e depois percebi que o que eu ia dizer era idiota.

terça-feira, 24 de maio de 2011

daqui.

A sério, tenho estado a apanhar os episódios de Gossip Girl que não tenho visto nas últimas semanas. Algo como (cuidado, não continuem a ler se não quiserem saber o que acontece):

"Hum, vou jantar e não tenho nada para fazer. Acho que vou ver Gossip Girl, mas esta temporada está tão má."

"A Blair está com o Louis! Isto é mesmo deprimente porque só se estão a aproveitar da febre do Casamento Real*."

"Não quero saber, quero é saber se ela fica com o Louis ou com o Chuck! O Louis está a confrontar o Chuck! Isto é uma metáfora que representa com agudeza a relação Europa/EUA através dos séculos, vou continuar a ver!"

E portanto é agora quase uma da manhã, e estou a ver Gossip Girl em vez de ir dormir para ver se amanhã vou a Literatura Grega e buscar uma série de livros e tanta coisa que tenho para fazer que não fiz hoje, eu sou mesmo tola.







*
Não acredito como o tempo passa. :')

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Entends la douce nuit qui marche

I love the day, the yellow phoenix, but I love the terrible night.
I have two loves, and one is the day, the peace, the
brother-lover, the phoenix
he is covered with folding veils of silent fire
he sits and swells within a scroll of strong, harmless fire
that can fill the world, and that feeds me, so that I am the world.
This is the day, the gold food, my truth.I have two loves, and one is the terrible night
the cannibal carnation, the soft storm
beautiful, blind and black, invisible, alive and dead
the carnation face, the lullaby, the kindest poison, the prison.
Oh loud, loud is the night, the flower made of mouths
louder than the day, louder than my heart.
The sun falls, and at once there swings up from the ground,
in at the window
the night, the drooping thunder, the carnation.
It is a burst flower, its blood has burst it, the petals
are waving fans of soft blood.

It is the mounting night.


Brian Howard, Entends la douce nuit qui marche, via thebrightyoungpeople.

Mais aqui.

sábado, 21 de maio de 2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

(Acabei de reparar que há pacotes de pipocas para microondas que dizem "Não reutilizar o saco de papel". WTF? Alguém vai reutilizar um saco de papel gorduroso? Para quê? Para meter lá dentro coisas que se quer esconder das outras pessoas?)

Seja como for, reparei que hoje o meu blog recebeu uma visita deveras peculiar:

(Isto diz: "pesquisar palavras-chave: que nao costumam"). Parece que a pessoa chegou através de um motor de pesquisa russo, e depois procurou estas palavras.

Como gosto de ajudar estrangeiros, irei então fazer duas listas.

Não gosto de:

- Pessoas que nao costumam tirar os cabelos que deixam na banheira;
- Pessoas que nao costumam lavar o cabelo;
- Pessoas que nao costumam gostar de Keats;
- Pessoas que nao costumam deitar as pastilhas elásticas no caixote do lixo;
- Pessoas que nao costumam limpar o cocó do cão, gato ou amigo embriagado que levaram a passear;
- Pessoas que nao costumam ou deixar crescer a barba ou fazer a barba, mas têm assim algo intermédio que parece lixa e depois quando estamos a cumprimentar a pessoa deixamos um bocado de epiderme lá agarrada;
- Pessoas que nao costumam ver se alguém está a atravessar a estrada antes de se meterem em cima de uma passadeira;
- Faculdades que nao costumam ter aquecimento até Agosto;
- Faculdades que nao costumam ter cadeiras sobre Literatura Inglesa do Romantismo;
- Adolescentes que nao costumam puxar as calças para cima.

Gosto de:
- Pessoas que nao costumam ser antipáticas;
- Pessoas que nao costumam deixar cabelos na banheira;
- Pessoas que nao costumam roubar as minhas escovas de cabelo;
- Faculdades que nao costumam inventar cadeiras parvas;
- Pessoas que nao costumam reutilizar os sacos de papel das pipocas;
- Pessoas que nao costumam fazer perguntas parvas;
- Pessoas que nao costumam chatear a minha pobre cabeça;
- Pessoas que nao costumam cheirar mal;
- Pessoas que nao costumam andar por aí com as calças a arrojar.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Put your music player on shuffle, and write down the first line of the first twenty songs. Post the poem that results.


It was Christmas Eve babe
Hast Du etwas Zeit fuer mich
Overshadowed by her sister
Flying alone in row "Z"
In a crucifixion ecstasy
Woe to you o Earth and Sea
I bless you madly
I've got a dying urge to feel the way you do
We met in a flashback
You say fifty marks
You remind me of a former love
Thought I ran into you down on the street
The same blood
I'm up on the 11th floor and I'm watching the cruisers below
The time on the clock reads half past four
The air attack warning sounds like
Children in school forced to the desk
Hot topic is the way that we rhyme
And if your heart stops beating, I'll be here wondering
You think you're better, you're better than me.

domingo, 15 de maio de 2011

Eu e o Grego vamos divorciar-nos o mais depressa possível. Somos capazes de ter de aguentar durante mais um ano ou dois(por causa de impostos, empréstimos e coisas assim) mas assim que possível acabou-se tudo. Não é que eu não goste dele, mas já não há aquela química que havia. É assim que me sinto acerca, por exemplo, do salame de chocolate. A dada altura, comi imenso. Depois cansei-me. As relações às vezes são assim, e os pequenos hábitos do Grego começam a irritar-me. Já não o acho espirituoso. Não gosto quando o Grego deixa o assento da sanita para cima. Ele não gosta que eu vá sair com as minhas amigas tantas vezes. Caímos na rotina. Tentei ver outros, como o Tailandês, ou passar mais tempo com o Latim. Não funcionou. Pensei numa segunda lua-de-mel, mas acho que ele não alinha nisso e os tempos estão difíceis.

Isto é triste. Tenho chorado todos os dias. Tenho procurado conforto na bebida (a Queima calhou bem). Mas nada funciona. É duro.

De forma a que as pessoas desde o início -- agora que vou seguir em frente -- saibam no que se estão a meter (ainda estou com o Grego, mas preciso de curar este meu coração), arranjei até uma nova lamentação/frase de engate:

"O Grego Antigo não se aprende por osmose; já adormeci com a Gramática e com os meus apontamentos e não funcionou! Queres ver se funciona se eu adormecer com outra pessoa?"

Infelizmente, acho que isto não vai funcionar na minha próxima ida ao Feito. Os únicos tipos que metem conversa comigo (sim, eu sei que não meter conversa com as pessoas estraga o efeito das frases de engate, mas estou com as minhas amigas!) são de Direito, portanto à partida não sabem Grego. À partida, também os mando dar uma volta. Lá porque estou a beber rum, não quer dizer que seja fácil.

Seja como for, a moral da história é: eu e o Grego estamos a acabar. Foi bom enquanto durou. Muitos amigos em comum, muitas tardes bem passadas e muitos sonhos por realizar.

Eu e o Grego decidimos separar-nos de mútuo acordo, a única questão que temos é por causa dos copos de vinho -- ele diz que bebe mais vinho e melhor do que eu, eu digo que ele já vai ficar com o trem de cozinha Ideia Casa (€595).

terça-feira, 10 de maio de 2011

Costumo dizer que a tarefa que mais odeio fazer em casa é lavar a loiça. É desagradável, sobretudo quando há gordura ou quando a água fica fria ou quando as coisas ficam presas no ralo. Mas até consegue ser bom quando há montes de água quente e espuma.

Porém, caros leitores, isso é mentira.

A tarefa que mais odeio fazer em casa é cortar as unhas à coelha. É um martírio. Quando eu era mais jovem e inexpriente, não sabia o que era um bunny burrito. Ainda não sou muito boa, mas pelo menos evito os arranhões que outrora cobriam os meus braços e pernas. Só que continua a ser uma tarefa horrível.

O problema é que os arranhões eram o mais suportável de tudo isto.

Quem aqui já conviveu com coelhos, sabe que são animais pequeninos e tímidos. Isto significa que se assustam muito facilmente, e facilmente fazem uns olhos enormes de quem está prestes a desfalecer. Mais: se não gostarem que lhes peguem ao colo, e a maioria parece não gostar, fazem O Ar De Coelho Assustado.

O Ar De Coelho Assustado é aquele ar que os coelhos fazem. Um coelho assustado é absolutamente devastador. Acho que a mais dura e cruel das pessoas podia olhar para um coelho assustado e desatar a chorar como um miúdo de ano e meio a quem roubaram a chupeta*. A Baby Roo quando está assustada tem uns espasmos no pé, ou então junta as mãos junto à cara, como se estivesse a pedir porfavornãomemagoesporfavornãomemagoesqueeusoumagraenãodevosabernadabem. Ou então agarra-me o indicador com uma das suas mãozinhas pequeninas.

É mesmo triste e patético. É um bocado como ser uma criança em Bolvangar, mas pior, porque tenho de ver isto vezes e vezes sem conta. ;__; Ainda não recuperei da sessão de hoje e ela foi-se esconder atrás do sofá com ar mais assustado de sempre.



Se acham que este post é triste e próprio de alguém que vai indubitavelmente ser uma velhota maluca dos gatos, ainda tenho melhor. Os meus vizinhos devem achar que sou mãe solteira, porque quando saio e entro em casa cumprimento a coelha. Há bocado, para a acalmar, comecei a cantar o Twinkle Twinkle Little Star (obviamente, uma péssima ideia. Se já as pessoas se assustam e choram quando canto, imaginem animais com ouvidinhos sensíveis). Estou sempre a chamar o "bebé".

Sim, pessoal, o meu futuro é bastante claro. Talvez almas optimistas olhem para este post com os olhos brilhantes de emoção e pensem "Esta miúda vai ser uma excelente mãe de quinze filhos". Porém, gente racional como eu vê o futuro mais provável:



Estão a ver aquela história do Neil Gaiman, Only the End of the World Again? Se um dia eu fosse ver uma senhora misteriosa que lê o Tarot (ou se eu fosse fazer esta pergunta ao meu próprio baralho), as cartas haviam de ficar todas em branco excepto "OS GATOS", "A SOLTEIRONA", "OS CHINELOS". :(

Isto é verdade. Um dia tiro fotografias e vão todos chorar muito. Vocês vejam que eu não estou maluca, hein? Isso é o me garante a minha amiga Maria Amélia, que é um poder que eu tenho na Terra. Há pessoas que são perseguidas pelas torres do Técnico.



* Não sei quando é que as crianças deixam de usar chupeta.
Não, o outro post era realmente muito pretensioso. Para compensar:


domingo, 8 de maio de 2011

Hoje foi o Cortejo da Queima, para aqueles que não costumam seguir este maravilhoso e erudito blog (nota: eu sei que há gente que o lê, mas em vez de me dar amor e carinho electrónico, comenta quando vamos tomar café ou nos encontramos na rua).

Isto significa duas coisas: estou com os pés feitos em tiras (porque usar sapatos rasos? Nunca! Eu sou uma senhora! Vou-me armar em heroína!... Mas palavra de honra, não doeu tanto da última vez. That's what she said), e estou sem necessidade de quaisquer tratamentos faciais, capilares, ou o que seja já que tomei uns belos banhos de cerveja (de início sentimos as mãos peganhentas e depois ficam estranhamente suaves...that's what she said).

Seja como for, tenho um balanço para fazer desta Queima. Espero vir a fazer actualizações diárias, e já tinha um post alinhavado ontem quando desisti. Eu sou assim, penso sempre em coisas geniais quando estou longe do computador, mas quando vou escrever um post penso que são completamente idiotas.

- Coisas estranhas encontradas nos bolsos do meu casaco: dinossauro de plástico, tic-tacs duros, glowstick vermelho (na verdade, encontrei-o pendurado numa garrafa de água do Luso na minha estante), panfletos de discotecas desconhecidas. Nada de muito estranho, portanto.

- Coisas que já perdi: pulseiras, elásticos de cabelo (mas isso é sempre), decoro.

- Shots que experimentei antes me decidir pelas minhas bebidas preferidas: Adeus Morte x2, Adeus Milagre. Experimentei-os de uma vez, e não aconteceu nada. Niente. Foi o maior desapontamento da minha vida. Comecei a compreender os poetas franceses do século XIX, com o seu ennui.

- Litros de Gin Tónico bebidos: 0. Incrível. Há meses que não bebo gin. O fim aproxima-se.

- Número de rastas que desfiz do cabelo depois de apanhar com cerveja no cortejo: incontáveis

- Número de ambulâncias que já passaram por mim desde a Serenata: incontáveis.

- Número de estudantes desmaiados/em coma alcoólico que já vi: incontáveis.

- Avanço (em páginas) na frente das leituras académicas: 0


Mas não sei, a única leitura que combina com a Queima é Anacreonte. He spaketh Truthe.

sábado, 7 de maio de 2011

A ÚNICA RAZÃO PELA QUAL ESCOLHI ESTUDOS CLÁSSICOS.

Ontem estava a celebrar a Queima como qualquer estudante decente. Isto é, eu e a Daniela estávamos a dançar alegremente numa tenda, quando as amigas dela nos abandonaram por momentos. Ora, quando a manada dispersou um bocado, os predadores lá do sítio começaram a abeirar-se de nós como ocelotes a ver ratos sem patas.

Dois rapazes brasileiros começaram a dar-nos conversa fiada, depois de terem oferecido um cigarro à Daniela. Perguntaram-lhe então qual o nosso curso, enquanto eu continuava a dançar e a tentar assustá-los com a minha falta de coordenação motora. Não funcionou.

Diz então um deles: "Estudam Latim, é? Digam lá qualquer coisa em Latim."

A Daniela olha para mim, com um de quem diz, "Tu é que estás no Latim IV, tira-nos desta combuca."

A minha reacção é, então, exactamente a reacção de uma senhora de classe quando se quer livrar de pretendentes indesejados. "PEDICABO EGO VOS ET IRRUMABO." Não posso garantir ter mantido fielmente a ordem das palavras, no entanto, por razões óbvias.

Eles ficam a olhar para mim. Talvez eu tenha dito "Sois todos bons". Talvez eu tenha dito "O Cláudio é um lavrador. Ele trabalha no campo todo o dia. Ele tem uma filha. A menina é bonita. Os insectos bebem água." Talvez eu os esteja a enganar.

"O que é que isso significa?" Pergunta então um deles, mais afoito.

Eu, então, explico vagamente. Ok, na verdade, talvez tenha traduzido de forma mais gráfica e violenta do que o necessário. Mas então os dois reagem com um, "O quê?"

Eu repito.

Olho para a Daniela, que não consegue parar de rir, e quando me volto vejo que os dois carcajus estão a bater em retirada -- muito lentamente, como quem diz a alguém "Deixa o machado na mesa. Vá, devagarinho" enquanto procura uma porta e tenta chamar o 112.

E é assim que nós, moças de Estudos Clássicos, rejeitamos avanços indesejados quando não temos pensos higiénicos usados à mão.

P.S.: Eu gostava de ter mais diálogo aqui, porque queria usar mais maiúsculas. É que reparem, eu estava a gritar enquanto eles estavam a sussurrar a ver se nos aproximávamos dos corpos de franganote deles. E também porque, tal como a Morte do Discworld, eu comunico como que por uma espécie de telepatia. É a única explicação que eu encontro para o facto de eu falar tão baixo e ainda assim ser ouvida, ao ponto de me porem na boca coisas que eu nunca disse (lá está, telepatia).

domingo, 1 de maio de 2011

LitLeaks: A Verdade Anda Por Aí, São Três E Andem Aos Pares

Ora bem, venho hoje trazer-vos uma revelação que me foi feita há pouco, se devido a uma veia que me terá rebentado algures por causa do teste de amanhã ou se devido a forças inter-dimensionais, não sei. Prometo que não andei a fumar nada ao pensar nisto.

Existe a questão homérica. Basicamente, não se sabe muito bem quem foi, ao certo, Homero, se foi um grupo de pessoas (Homens Ou Mulheres Escrevem Rivalidades e Odisseias -- queriam incluir os Hinos Homéricos e também uma breve aventura no mundo rap dos anos 90, mas decidiram que ficava um acrónimo muito comprido), ou uma lenda urbana. (Wiki.)

Existe também a questão acerca da identidade de Shakespeare. Seria ele o Shakespeare? Seria ele um senhor comum cujo nome foi utilizado para sombrios propósitos, como Literatura? Seria ele uma ficção? (Wiki.)

Ora bem. Reparem aqui que há nomes em comum, como "Hermíone", "Páris" e "Helena". Reparem que ambos falam de coisas como amor, morte, cenas homoeróticas e pessoas chamadas Páris a estar no meio de algumas desgraças porque se quer casar com a esposa de outras pessoas. Há rapazes giros e mulheres bonitas e espadas.

Os leitores mais incautos pensarão, certamente, que Shakespeare apenas foi buscar a inspiração a Homero, ou que algum dia Homero terá entrado num teatro Londrino.

Nada disso.

São ambos uma e a mesma pessoa, caros/as leitores/as, e essa pessoa é Cristopher Marlowe. Neste aspecto acertaram alguns proponentes de certas teorias sobre Shakespeare, mas a ligação a Homero estava até agora envolta em dúvidas e incertezas. (Marlowe na Wiki.)

Acontece que Christopher Marlowe não morreu numa rixa, oh não. Isso foi apenas um pobre homem que o tentou assaltar e roubar-lhe a roupa durante uma noite da Queima. Esse senhor chamava-se Yorick Antunes e trabalhava no antigo bar da FLUC, o primeiro responsável pelos preços exorbitantes das maçãs nesse estabelecimento, na altura cerca de 10 (dez) coroas.

Dizia eu que Christopher Marlowe sobreviveu, mas como as suas actividades no mundo da espionagem internacional tinham sido desmascarados por Nazis, Comunistas e homens a soldo do Cardeal Richelieu, mudou então de nome para William Shakespeare. Cortou o cabelo, pôs óculos e passou a falar com um ligeiro sotaque. Continuou a escrever.

Um dia, a sua nova esposa começou a fazer-lhe muitas perguntas, como por exemplo, o que é que ele escondia debaixo da melhor cama (um dispositivo de comunicação, estilo 'Allo 'Allo!). Fingiu de novo a sua própria morte, desta feita passou a ser Homero, e partiu de Inglaterra rumo a paragens menos chuvosas. Ao longo da sua vida, sempre estudou assiduamente Grego (diz-se que Latim também, mas resolveu não adoptar uma identidade estilo Virgílio -- não confudir com Vergílio -- porque as apofonias faziam-lhe espécie) e compôs então os poemas que conhecemos.



Para a semana, em LitLeaks: Vergílio vs. Virgílio. Gémeos, pronúncias como quando as pessoas tentam dizer o meu nome ou o quê?

A minha reacção face ao teste que se aproxima...

crédito da imagem

terça-feira, 26 de abril de 2011

O PODER DO HULK É SALTAR.

No espírito do Ensaio Sobre a Cicuta (se estiverem por Coimbra ou arredores, venham também. E volta e meia também vão aparecer gajas nuas), o "Cenas Que Deviam Ter Sido Videojogos A Sério" do dia:


penso que é do awesomenator, mas não tenho a certeza.

Consigo imaginar toda uma série nesta veia: "Philosopher Phight". Com pacotes de expansão e tudo:

"Luta como o teu filósofo favorito neste emocionante jogo! Descobre segredos da sabedoria e desbloqueia novas personagens no modo história, testa os teus limites no modo de sobrevivência ou diverte-te no modo arcada. Os teus amigos também podem jogar graças à função multiplayer! Inclui tecnologia dualshock (tm) quando usados comandos compatíveis."

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Olá, meus queridos e muito amados ouvintes. Hoje venho falar-vos de vida extraterrestre.

Há muitos por esse mundo fora que se questionam, "Se há vida extraterrestre inteligente, porque é que não nos contactaram? Porque é que ao fim de algumas bebidas o sabor das mesmas deixa de importar? Será que sou mesmo hetero/gay?"

Ora, não posso ajudar quanto às duas últimas questões porque, caro leitor, não posso opinar muito e não quero dar maus conselhos. No entanto, vou falar hoje sobre a primeira.

Acontece que se há vida extraterrestre inteligente, das três uma:

1. Não conseguem contactar connosco mais do que nós com eles.

2. Até conseguiam, mas não querem estragar o delicado equilíbrio do nosso ecossistema.

3. Já estão entre nós.

Reparem, o argumento sobre como tal se deve à exploração de recursos nem se coloca; se eles quisessem mesmo recursos já nos tinham feito num oito. Não, caro leitor, eu acho que eles reencarnam em... coelhos.

É isso mesmo. Quem já teve coelhos em casa sabe que eles conseguem roer tudo. Já perdi a conta às vezes em que o meu telefone deixou de funcionar, e não por causa de serial killers, mas porque dentes de coelho tinham selvaticamente rasgado em pedaços o fio do meu telefone. Já perdi a conta às vezes em que não dormi à noite porque a coelha entrou em pânico com algo invisível (estilo campos magnéticos da Terra). Já perdi a conta às vezes em que sofri no caminho para a faculdade, porque acordar de manhã e conseguir viver antes das 11 só com o meu mp3, e sem os fones não há mp3 para ninguém (nem discman, nem mesmo walkman. Claro, poderia trautear ou cantar na minha mente, mas a minha mente antes das 11 não consegue nem articular grunhidos complexos, quanto mais palavras ou melodias).

Os coelhos são fofinhos, mas não se deixem iludir: por baixo daquele pêlo fofinho e olhos grandes esconde-se uma adorável máquina de matar com adorabilidade. Já olharam bem para aqueles bigodes? Awwwww.

Caro leitor, o que eu quero dizer é: os coelhos são mesmo giros.


quinta-feira, 7 de abril de 2011



Hoje vi esta imagem, e o debate que se tem propagado lá nos meus cantos da Internet sobre isto. Algumas pessoas que comentaram afirmavam que a solução é de facto ensinar as pessoas como evitar violações, porque os violadores sabem que o que fazem é errado e não querem saber.

Certo, é importante aquele conjunto de coisas que devem fazer parte do senso comum: "Tem cuidado com quem te embebedas, tem cuidado com a roupa que usas, tem cuidado com os lugares por onde andas." Mas isto não resolve tudo, e generaliza completamente as circunstâncias e as vítimas (e toda a gente pode ter dias em que bebe um pouco mais, ou em que o carro avaria às 3 da manhã numa zona questionável, ou em que alguém interpreta uma saia dois centímetros acima do joelho como um convite para sexo). E até os próprios violadores, quem são eles e quais os seus motivos.

O problema é que não é assim tão simples.

O problema é que não ensinamos às pessoas quando é que é "não", mesmo que elas não o digam directamente. O consentimento é tudo menos linear. Nem todos os violadores precisam de becos escuros e uma grande dose de problemas do foro psíquico. Alguns podem ser aqueles que não fazem ideia que o que estão a fazer não mesmo nada boa ideia, porque não sabem que o "sim" significa um "não" quando ela está tão bêbada que mal consegue falar ou andar. Ou que um som indefinido de surpresa e medo pode significar um "não".


E também é interessante pensar nestes comentários (nota: não fui eu, simplesmente li e achei relevante).

(BTW: este tipo de pensamento abre precedentes a que as vítimas sejam culpadas, como se todas as violações fossem iguais e seja sempre culpa delas por não terem tido cuidado. Para não falar dos casos em que o violador é o amigo da família, o marido, o pai, o irmão, etc., que de facto são mesmo muitos. Nesses casos, não aceitar boleias de estranhos não vale de muito.)

terça-feira, 29 de março de 2011

Mad Girl's Love Song

"I shut my eyes and all the world drops dead;
I lift my lids and all is born again.
(I think I made you up inside my head.)

The stars go waltzing out in blue and red,
And arbitrary blackness gallops in:
I shut my eyes and all the world drops dead.

I dreamed that you bewitched me into bed
And sung me moon-struck, kissed me quite insane.
(I think I made you up inside my head.)

God topples from the sky, hell's fires fade:
Exit seraphim and Satan's men:
I shut my eyes and all the world drops dead.

I fancied you'd return the way you said,
But I grow old and I forget your name.
(I think I made you up inside my head.)

I should have loved a thunderbird instead;
At least when spring comes they roar back again.
I shut my eyes and all the world drops dead.
(I think I made you up inside my head.)"

-- Sylvia Plath

P.S.: Este blog é (talvez temporariamente) público. Woohoo!

Aventuras!

Hoje aconteceu uma coisa mesmo bonita: enganei-me no autocarro.

Saí da faculdade, a contemplar melancolicamente a Beleza do Mundo e o meu plano de curso. Enquanto pensava nestas coisas, reparei que estava um autocarro parado na paragem, e pensei logo que só podia ser o X. Passei por toda a gente na paragem que estava a olhar para mim, entrei no autocarro, piquei o bilhete e fui à procura de lugar.

Só que não havia lugar. Estão a ver aquela parte mais baixinha do autocarro? basicamente era só isso, havia poucos lugares e estavam todos cheios de idosos. Pensei que, sei lá, o X estivesse avariado e tivessem mandado este.

Entretanto, os passageiros estavam a olhar para mim: imaginem o que não é, num autocarro em que está toda a gente acima dos 50, uma miúda com ar de quem tem 12 anos. Achei estranho, porque tudo aquilo me fazia cada vez mais lembrar aquele autocarro "Vamos à Baixa!" destinado aos cidadãos com mais idade. No entanto, ao entrar tinha visto uma miúda sensivelmente da minha idade e por isso pensei que fosse só impressão ou a hora.

Foi então que a suspeita tomou conta de mim: tinha mesmo entrado no lugar errado. Pensei em fingir que não era nada comigo e depois sair na Baixa, mas estava com vontade de rir e resolvi partilhar o momento com alguém. A minha mãe tinha o telemóvel desligado, por isso liguei à Marina. A desmanchar-me a rir, contei-lhe que me tinha enganado no autocarro.

Ao ouvir isto, uma senhora que lá estava disse-me que eu podia sair na paragem seguinte que era já ali, mandou-me carregar no "STOP" e ajudou-me. Lá saí (e ia saindo pela porta errada...) e a outra jovem saiu também.

Lá fora, ela vira-se para mim e diz, "Eu também me enganei no autocarro, pensava que era o X. Só quando te ouvi falar ao telefone é que percebi que também estava no sítio errado".

sábado, 26 de março de 2011

Não perguntem, não digam nada, mas preciso de um abraço. :(

(Em suma: estar à procura de uns poemas nos meus diários antigos e encontrar coisas que não queria dá-me vontade de ir tomar banho 50 vezes. Felizmente, estou munida de chá e trabalhos de casa de Grego.)

terça-feira, 22 de março de 2011




Shiu, calem-se que isto agora é um sítio daqueles VIP, só por convite mesmo. Imaginem-se, caros leitores, a bater à porta das traseiras de uma loja de animais. Um postigo abre-se no cimo da porta e um homem com um fato às riscas e sotaque italiano pergunta, "Qual é a senha?"

Vocês, todos contentes, respondem, "Swordfish". E depois com um bocado de sorte vão ver um homem por causa de um cão e não apanham uma tareia. Vejam lá é se o gin não é forte, tive de o fazer na minha banheira.


(Imagem.)

segunda-feira, 21 de março de 2011

(Não sei de onde é a imagem, mas tinha de partilhar.)


LII

Oh, sleep forever in the Latmian cave,

Mortal Endymion, darling of the Moon!

Her silver garments by the senseless wave

Shouldered and dropped and on the shingle strewn,

Her fluttering hand against her forehead pressed,

Her scattered looks that troubled all the sky,

Her rapid footsteps running down the west —

Of all her altered state, oblivious lie!

Whom earthen you, by deathless lips adored,

Wild-eyed and stammering to the grasses thrust,

And deep into her crystal body poured

The hot and sorrowful sweetness of the dust:

Whereof she wanders mad, being all unfit

For mortal love, that might not die of it.

-- Edna St. Vincent Millay (source)

domingo, 20 de março de 2011

This is how my mind works:

I wish I could drink like a lady,
I can take one or two at the most.
Three and I'm under the table,
Four and I'm under the host.

-- Dorothy Parker


sexta-feira, 18 de março de 2011

If you wanna be my lover, you gotta appreciate my poems or no zigga-zig-ah will be done.

(crédito da imagem.)


Say my love is easy had,
Say I'm bitten raw with pride,
Say I am too often sad ---
Still behold me at your side.

Say I'm neither brave nor young,
Say I woo and coddle care,
Say the devil touched my tongue ---
Still you have my heart to wear.

But say my verses do not scan,
And I get me another man!

-- Dorothy Parker (daqui)

Song of one of the Girls



Here in my heart, I am Helen;
I'm Aspasia and Hero, at least.
I'm Judith, and Jael, and Madame de Staël;
I'm Salome, moon of the East.

Here in my soul I am Sappho;
Lady Hamilton am I, as well.
In me Récamier vies with Kitty O'Shea,
With Dido, and Eve, and poor Nell.

I'm all of the glamorous ladies
At whose beckoning history shook.
But you are a man, and see only my pan,
So I stay at home with a book.


-- Dorothy Parker (Decidi postá-lo porque é um dos meus poemas preferidos. Mais, foi escrito pela Dorothy Parker e menciona uma data de senhoras maravilhosas que admiro bastante.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Maçãs

(crédito da imagem)


Ora bem:
1. Gosto mesmo muito de maçãs.
2. Sou uma jovem na flor da idade.
3. É Primavera.

Era, portanto, apenas uma questão de tempo até a Vickypédia (essa fiável fonte de tudo o que é informação) me dizer que na Grécia atirar uma maçã a alguém equivalia a uma declaração amorosa, e apanhar a maçã era aceitar essa declaração. Não é maravilhoso?

"I throw the apple at you, and if you are willing to love me, take it and share your girlhood with me; but if your thoughts are what I pray they are not, even then take it, and consider how short-lived is beauty."
(Epigrama VII. Adivinhem de quem? Yup, supostamente é de Platão.)

Proponho que pelo IEC revivamos esta febre. As maçãs são saudáveis, são bonitas e cheiram bem.

Three years of college, and plenty of knowledge...

Pára tudo: afinal há um lado positivo em tudo isto. Ninguém vai reparar nas tuas fotos da Queima no Facebook, mesmo aquelas em que és taggado pelos teus amigos em cenários comprometedores. Woo!

segunda-feira, 14 de março de 2011

VI

JARDÍ MAR I MURTRA
(crédito da imagem. que btw foi tirada na Catalunha, pelos vistos.)

No rose that in a garden ever grew,
In Homer's or in Omar's or in mine,
Though buried under centuries of fine
Dead dust of roses, shut from sun and dew
Forever, and forever lost from view,
But must again in fragrance rich as wine
The grey aisles of the air incarnadine
When the old summers surge into a new.
Thus when I swear, "I love with all my heart,"
'Tis with the heart of Lilith that I swear,
'Tis with the love of Lesbia and Lucrece;
And thus as well my love must lose some part
Of what it is, had Helen been less fair,
Or perished young, or stayed at home in Greece.

-- Edna St. Vincent Millay (Second April, source)

IV

crédito da imagem

Only until this cigarette is ended,
A little moment at the end of all,
While on the floor the quiet ashes fall,
And in the firelight to a lance extended,
Bizarrely with the jazzing music blended,
The broken shadow dances on the wall,
I will permit my memory to recall
The vision of you, by all my dreams attended.
And then adieu,–farewell!–the dream is done.
Yours is a face of which I can forget
The color and the features, every one,
The words not ever, and the smiles not yet;
But in your day this moment is the sun
Upon a hill, after the sun has set.

-- Edna St. Vincent Millay (Second April, source)

Não sei qual é a religião desta pessoa. Mas não quero descobrir.

Hoje estava eu procurando páginas no Facebook, calmamente, de gin numa mão e computador na outra*, quando me deparei com esta página:




Entre "Pessoas que gostam de Gato e Gatinhos" e "As pessoas que se chegam muito ao pé de mim" (de quem, surpreendentemente, ninguém gosta) vemos "as pessoas que se deixar ser usadas por Deus". Isto é um bocado como se a Alexandra Solnado escrevesse "hádem". Caro leitor, eu rebolei-me no chão a rir. Literalmente. Desci da cadeira e enrolei-me em posição fetal enquanto tentava acalmar as dores de barriga que começava a ter de tanto rir e que me estavam a fazer ficar com falta de ar. E fiquei com falta de ar durante algum tempo. É caso para dizer: Deus castiga...!

(Mas agora a sério. Hoje houve um senhor à saída da FLUC que me ofereceu uma versão condensada da Bíblia.)

* Caro leitor, não me responsabilizo pela veracidade desta informação, mas por favor imagine-me assim. E vagamente parecida com a Angelina Jolie, porque é o que toda a gente me diz.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Great Gatsby na NES


Descobri recentemente a versão NES do Great Gatsby. Não, caro leitor, não é um erro: há mesmo um jogo baseado na obra do Foxy Scott Fitzgerald. Captar num videojogo o lado negro dos anos 20, com todas as ideologias ou faltas dela, romances proibidos e flappers a vomitar nos arbustos não pode ser tarefa fácil.



No entanto, este jogo quer lá saber disso. O objectivo é basicamente resolver o mistério da Luz Verde (que aqui parece quase um plano de extraterrestres para controlar Nova Iorque) atirando chapéus a tudo o que mexe. Sim, chapéus: nos anos 20 eram peças de qualidade, que podiam ser usados como bumerangue, e não essas tretas fabricadas em massa em países onde a mão-de-obra é barata.



Nick Carraway deixa de ser um observador exterior de interacções sociais profundas entre pessoas horrivelmente superficiais, e passa a ser uma espécie de Indiana Jones, que munido de chapéus e power-ups em forma de cocktail, consegue causar grandes revezes no seio da sociedade nova-iorquina. Nada lhe escapa: flappers, homens fugidos da prisão, alcoólicos que atiram garrafas, pássaros, vagabundos e empregados.



Sim, o primeiro nível tem uma série de empregados de mesa que estão apenas a tentar fazer o seu trabalho, vendo flappers sobre cães, e são atingidos a sangue-frio por chapéus. É horrível, minha gente. Não via tanta violência contra homens carregando bandejas com bebidas desde o Tomb Raider II, em que eu e a minha irmã mais nova trancávamos o mordomo da Lara Croft no congelador (depois descobrimos o GTA. Eu matava tudo o que via à frente e falhava as missões todas, a minha irmã só matava de vez em quando. É por isso que eu seria uma mísera criminosa rasca e ela seria uma psicopata daquelas com estilo que matam pessoas por causa de cartões de visita e precisam de devolver grandes quantidades de cassetes de vídeo).


Seja como for, é um jogo engraçado. Estou a jogá-lo agora, mas caramba, há uma falha enorme em toda esta fidelidade ao material original: os óculos do anúncios do T.J. Eckleburg são um boss demasiado fraquinho, tendo em conta que no livro são comparados a olhos divinos.



quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Okay, toda a gente de vez em quando ouve mal as letras e gosta mais da sua própria versão. Por exemplo, continuo a achar que a You're Gonna Make Me Lonesome When You Go do Bob Dylan é bem melhor se em vez de "Queen Anne's Lace" imaginarmos que é "Queen Elissa" (com "a" meio comido). Em minha defesa, nunca antes tinha prestado propriamente atenção, e quando o fiz estava prestes a apresentar o Canto IV da Eneida.

Mas uma letra inteira? Reparem, a Wolf Song do Patrick Wolf para mim dizia:

Walk tall beneath these trees boy,
your mother (qualquer coisa) not scarred by fall aaah-aaah!
Us wolves were right behind you and Lucifer will never find you
oh no!

The Moonlight guide you, when Selene comes out to fight (e eu: wtf? fight?)
dear Phoebus, my saviour, come and eat the ones, we know who tasted best (e eu novamente: wtf? Mas imaginava, sei lá, que era no sentido de "finalmente é de dia!")

I know just where you've been boy, I've watched you by the stream
and don't be afraid of the dark 'cos the darkness is simply (what) a wolf for love needs
Why are you crying? War put us through the hills and trees
Of Ilion (mas pronunciado de forma estranha)! English eyes are turning red
I I I I oh I I I I

Blue moon, let it guide you and I shall find you a home in our heartland, a heart in our homeland
Until the moon is down, until the moon is down


A minha interpretação: ah, fixe, o Patrick Wolf canta sobre lobisomens de forma vaga com imensas referências que me fazem sentir que não estou a tirar o curso em vão.


A letra, na verdade, diz:


Walk tall beneath these trees boy
you monolith not scarred by fallout
us wolves were right behind you and Lucifer will never find you
oh no!

the moon, let it guide you, when Selene comes, we'll alll know how to fight
dear Fenrir, my saviour, come and eat the ones, we know who taste the best

I know just where you've been boy, i've watched you by the stream
and don't be afraid of the dark 'cos the darkness is simply a womb for the lonely
swallow your pride and walk with us through the trees and hills
oh yes! your english eyes they are turning red
I I I I oh I I I I

the moon, let it guide you and i shall find you a home in our heartland, a heart in our homeland
Until the moon is down, until the moon is down


fonte

A minha interpretação: ah, cool, o Patrick Wolf canta sobre lobisomens.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

sobre manuscritos perdidos

You should no more grieve for the rest than for a buckle lost from your first shoe, or for your lesson book which will be lost when you are old. We shed as we pick up, like travellers who must carry everything in their arms, and what we let fall will be picked up by those behind. We die on the march. But there is nothing outside the march so nothing can be lost to it. The missing plays of Sophocles will turn up piece by piece, or be written in another language. Ancient cures for diseases will reveal themselves once more. Mathematical discoveries glimpsed and lost to view will have their time again. You do not suppose, my lady, that if all of Archimedes all been hiding in the great library of Alexandria, we would be at loss for a corkscrew? I have no doubt that the improved steam-driven which puts Mr Noakesino an ecstasy that he and it and the modern age should all coincide, was described on papyrus. Steam and brass were not invented in Glasgow.


Arcadia, de Tom Stoppard

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

I was, as all young people should be, a votary of the Uranian Venus. I was steeped in romantic music from my childhood. I knew all the pictures and statues in the National Gallery of Ireland (a very good one) by heart. I read everything I could lay my hands on. Dumas pere made French history like an opera by Meyerbeer for me. From our cottage on Dalkey Hill I contemplated an eternal Shelleyan vision of sea, sky and mountain. Real life was only a squalid interruption to an imaginary paradise. I was overfed on honey dew. The Uranian Venus was beautiful. The difficulty about the Uranian Venus is that though she saves you from squalid debaucheries and enables you to prolong your physical virginity long after your adolescence, she may sterilise you by giving you imaginary amours on the plains of heaven with goddesses and angels and even devils so enchanting that they spoil you for real women or—if you are a woman—for real men. You become inhuman through a surfeit of beauty and an excess of voluptuousness. You end as an ascetic, a saint, an old bachelor, an old maid (in short, a celibate) because, like Heine, you cannot ravish the Venus de Milo or be ravished by the Hermes of Praxiteles. Your love poems are like Shelley's Epipsychidion, irritating to terre a terre sensual women, who know at once that you are making them palatable by pretending they are something that they are not, and cannot stand comparison with.




de uma carta de George Bernard Shaw a Frank Harris.